Depois da morte de uma paciente que se submeteu a um procedimento estético nos glúteos feito pelo médico Denis Furtado, conhecido como Doutor Bumbum, um produto usado para fins estéticos ficou ainda mais conhecido entre as mulheres: o PMMA ou polimetilmetacrilato. O produto é formado por microesferas parecidas com plástico e é usado para preenchimento de tecidos em regiões específicas do corpo – que não incluem os glúteos.
Embora muitas mulheres se submetam a aplicações de PMMA no bumbum – o que acaba dando um aspecto mais arredondado e firme para as nádegas – a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) diz que o produto pode ser usado apenas para corrigir pequenas rugas e preenchimentos de regiões no rosto que tenham se tornado flácidas com o envelhecimento.
De acordo com a ANVISA, o uso de PMMA para fins estéticos pode causar efeitos colaterais indesejáveis como “edemas locais, processos inflamatórios, telangiectasias, cicatrizes hipertróficas, reações alérgicas e formação de granuloma.” Em 2009, a modelo Andressa Urach teve sérias complicações em uma das pernas após a aplicação de hidrogel e PMMA para aumentar o volume das coxas.
Após a morte da bancária Lilian Calixto, 46 anos, que passou pela aplicação de PMMA nos glúteos com o Doutor Bumbum, o Conselho Federal de Medicina (CFM) informou que o polimetilmetacrilato, quando usado em grandes quantidades, não é seguro e pode causar reações inesperadas como nódulos, necrose, inflamações e até a morte. A suspeita veiculada pela imprensa até o momento é de que Lilian tenha morrido por embolia pulmonar após a aplicação do produto.
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Em 2012, a ANVISA já havia emitido um alerta de segurança acerca do uso e da aplicação do PMMA. “No âmbito da estética, tanto a procedência do produto, quanto a capacitação do profissional devem ser criteriosamente observados. A orientação do paciente deve ser completa, de modo a proporcionar ao mesmo a livre escolha de submeter-se ou não ao procedimento. Os estabelecimentos devem possuir condições hígidas e devidamente equipadas”, diz a nota.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o PMMA é praticamente impossível de ser removido após sua aplicação, uma vez que o líquido se espalha na região e destacou também que é proibido realizar procedimentos estéticos em residências, o que era feito rotineiramente pelo Doutor Bumbum.
Em nota, a SBCP informou que repudia e reprova procedimentos médicos na área, realizados por não especialistas, e sobretudo nestes moldes. “A crescente invasão da especialidade por não especialistas tem promovido cada vez mais casos de insucesso e fatais como este”. E ainda destacou a importância da formação adequada de um cirurgião plástico. “A formação do cirurgião plástico é diferenciada, uma vez que ele deve obrigatoriamente, após os 6 anos da graduação em medicina, passar pela formação de cirurgião geral (2 anos) antes de cumprir mais 3 anos em cirurgia plástica, somando no mínimo 11 anos de formação”, diz o comunicado.
No Instagram, o Doutor Bumbum, preso desde a última sexta-feira, postava diversas fotos das nádegas de suas pacientes mostrando o ‘antes e depois’ da aplicação do polimetilmetacrilato. O apelido de Furtado se deu justamente aos procedimentos estéticos feitos com PMMA nas nádegas de mulheres que buscavam o bumbum dos sonhos. Após a morte de uma paciente, a prisão de Furtado e a descoberta dos riscos que o PMMA oferece, vale refletir e pesquisar muito antes de se submeter a procedimentos estéticos inseguros feitos por pessoas não capacitadas, mas que conseguem se vender de maneira atrativa nas redes sociais – a SBCP disponibiliza a consulta para saber se o médico é ou não credenciado por eles para a realização de cirurgias plásticas.